segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Entrevista de Paulo Goulart a regiaodesporto

"A poucos dias do arranque oficial da época do Futsal sobe a égide da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo o regiaodesporto.com esteve à conversa com o treinador da Fonte Bastardo, Paulo Goulart. Podemos dizer que esta entrevista superou todas as nossas expectativas, visto o jovem técnico Terceirense ter encarado todas as perguntas de frente, não tendo hesitado mesmo quando confrontado com questões mais delicadas. Nesta entrevista foram, abordados todos os temas, desde a época que a Fonte Bastardo realizou no ano passado, uma análise completa à primeira edição da Série-Açores, as suas expulsões na época passada, as criticas à AFAH, nomeadamente ao Concelho de Arbitragem e serviços administrativos da AFAH, a relação com seu pai, a transfêrencia de Toni para a Casa da Ribeira, com alguns pormenores e a finalizar uma mensagem aos elementos ligados ao mundo do Futebol que tem vindo a publico atacar o Futsal.

Região Desporto (RD): Que balanço faz da época passada?

Paulo Goulart (PG): Foi uma época muito atribulada, dadas todas as circunstâncias que já tinhamos previsto no ínicio do campeonato. Primeiro temos sentido um grande problema na Fonte Bastardo que é de ano para ano conseguirmos manter o plantel, é dificil cativar os jogadores a continuarem na Fonte Bastardo. De ano para ano o nosso plantel tem vindo a ser enfraquecido e com a hipotética possibilidade da Série-Açores, os clubes reforçaram-se num plano que nós Fonte Bastardo não conseguimos acompanhar. A prioridade da Fonte Bastardo é assumida e a mesma é o Voleibol. O Futsal não tem capacidade para agregar o plantel como tem outros clubes de Futsal. Sabiamos que ia ser uma época díficil, o plantel era limitado, não na qualidade, mas no número de jogadores e isto veio a refletir-se ao longo da época.

RD: Mas certamente que lhe deixou um enorme amargo de boca o facto de não ter conseguido o apuramento para a primeira edição da Série-Açores...

PG: Deixou sobre tudo por aquilo que fomos capazes de fazer nos dois anos anteriores. No primeiro ano fizemos uma boa segunda volta do Campeonato e conseguimos disputar e vencer a Taça Ilha Terceira. No época seguinte (2009/2010) apesar de não termos sido campeões, fomos a melhor equipa, fomos a equipa que melhor qualidade de jogo apresentou e acabamos por ser uns honrosos segundos classificados. Na época passada que era importante manter essa regularidade, não fomos capazes de o fazer. Obviamente que fica um amargo de boca e um sentimento de dever não comprido.

RD: Mas o inicio de campeonato "quase caótico" da sua equipa (derrota com o Posto Santo, derrota com o Matraquilhos e empate com São Sebastião) com a primeira vitória somente a aparecer à quarta jornada foram fundamentais para este desfecho?

PG: Foram sem dúvida. O nosso inicio de campeonato era muito complicado e estávamos preparados para no final da segunda jornada termos seis pontos e termos dado um passo importante, e estávamos preparados para no final da segunda jornada ter zero pontos porque nas duas primeiras jornadas defrontávamos dois candidatos aos quatro primeiros lugares, que automaticamente garantiam uma vaga na Série-Açores. Mais desastroso que a derrota com o Posto Santo e Matraquilhos foi o empate com São Sebastião, uma equipa que não entrava nas contas com objectivos para a Série-Açores, ainda mais depois de perto do final da partida estarmos a vencer por 3-0. e deixado empatar 3-3.

RD: Quarto melhor ataque do campeonato com 111 golos marcados e terceira melhor defesa da prova com 43 golos sofridos. Isto são números que por si só poderiam valer o apuramento?

PG: Obviamente que sim, só por estes números obviamente que sim. Mas isto demonstra o que eu disse à pouco, tínhamos de facto qualidade no plantel, tínhamos um modelo de jogo implementado, éramos coerentes com a nossa forma de jogar, mas de facto as opções do plantel eram curtas e isso verificou-se em muitos jogos. O exemplo foi o jogo que falei à pouco com São Sebastião que estávamos a vencer por 3-0 e deixamos empatar mesmo no final da partida. E fora esse jogo, contra adversários relembro o jogo com o Posto Santo na segunda volta, em que fazemos uma grande primeira parte e fomos para o intervalo a vencer por 3-0 e não conquistamos os três pontos, contra o União Praiense estávamos a vencer por 2-0 e não conquistamos os três pontos, contra o GDR, uma equipa muito complicada e que fez um bom campeonato, estivemos a vencer por 2-0 e mais uma vez não conseguimos conquistar os três pontos e isso deveu-se sobre tudo à falta de soluções no banco para gerir o esforço da equipa.

RD: Mas por exemplo o facto de ter perdido Tércio Perdigão para o Matraquilhos e ter-se visto privado de Bruno Pereira em grande parte dos treinos desta época, sabendo-se de antemão que eram habituais escolhas para o seu cinco inicial, teve impacto nas contas finais da Fonte Bastardo?

PG: Obviamente que sim, porque eram dois jogadores fundamentais e aqueles que os vieram substituir demonstraram não ter a mesma qualidade e além de não terem a mesma qualidade, demorar a integrar-se na nossa forma de jogar.

RD: Quem foi o melhor jogador do campeonato na época 2010/2011?

PG: Julgo que o Ricardinho tem sempre um voto nesta matéria, porque é um grande jogador, mas tal como todo o plantel da Fonte Bastardo, a época anterior ficou aquém das expectativas. Eu provavelmente apontava o Nuno Cardoso do Matraquilhos como melhor jogador do Campeonato, porque é um posto difícil, pouca gente valoriza e é um posto decisivo e é sem dúvida o melhor jogador do nosso campeonato e tem capacidade para ser um dos grandes guarda-redes a nível nacional.

RD: Acha que as quatro equipas apuradas para a Série-Açores, conseguiram este apuramento por mérito próprio, ou existiram outros factores nestes apuramentos?

PG: Por mérito próprio foi, porque conseguiram pontuação para lá chegar, agora não foi um campeonato sério, nem um campeonato isento sobre tudo ao nível das arbitragens.

RD: Que análise faz ás quatro equipas Terceirenses apuradas para a Série-Açores?

PG: Julgo que a classificação do Matraquilhos e Casa da Ribeira fala por sim só, acho justíssimo chegarem à Série-Açores, e desde cedo demonstraram ser equipas com outro andamento. Quanto ao Posto Santo, realizou uma época irregular, um pouco à semelhante à da Fonte Bastardo, isto comparando com épocas anteriores do Posto Santo, mas pela recta final acho que merece um lugar na Série-Açores. A equipa do União Praiense valeu-se mais experiência que tem, do que pela qualidade de jogo. Valeu-se da experiência acumulada e alguma "ratice" que tem para nos momentos decisivos conseguir conquistar pontos.

RD: Nesta primeira edição da Série-Açores, de ilha para ilha vai faltando algum conhecimento sobre os adversários. Este facto pode ser decisivo para as contas finais?

PG: Sem dúvida. Apesar da grande evolução que se tem notado nas equipas da Terceira, apesar de termos bons praticantes e bons treinadores, o que obviamente leva a que tenhamos boas equipas de Futsal, não podemos descurar nunca o trabalho que é feito nas outras ilhas, relevando sobre tudo o trabalho de formação e vê-se sobre tudo muito trabalho de base que na Associação de Futebol da Horta, quer na Associação de Futebol de Ponta Delgada. Além disso a AFPD tem uma vantagem que as outras associações não têm, em São Miguel pode-se assistir a jogos da primeira divisão, o que é sem dúvida uma vantagem sobre as outras equipas.

RD: O facto de a Ilha Terceira ter quatro equipas e São Miguel três, visto o quarto representante da AFPD ser de Santa Maria, pode quebrar a hegemonia que a AFPD tem vindo a revelar sobre as demais associações, nomeadamente a AFAH? Ou a AFPD e a AFAH partem em igualdade de circunstâncias para esta primeira edição da Série-Açores?

PG: A AFPD tem a experiência acumulada das presenças nas provas nacionais de Futsal. A grande referência é o Operário que conseguiu atingir a primeira divisão, depois tem o Capelense que se conseguiu manter na terceira divisão, coisa que nunca uma equipa da Terceira conseguiu, nem o Porto Martins nem o União Praiense. Portanto a AFPD tem a vantagem de ter essa experiência acumulada. Por outro lado esta é a primeira edição da Série-Açores, decidiu-se de forma equitativa as equipas pelo número de participantes. É justo serem quatro equipas da AFAH e quatro equipas da AFPD e duas da AFH. Agora a AFAH não tem culpa de a Graciosa e São Jorge não terem Futsal e por esse facto nenhum dos filiados da AFAH pode estar na Série-Açores, mas se isso acontece-se, provavelmente a Terceira só colocava três equipas. Agora nas próximas duas épocas é que se poderá ver os resultados e é que se poderá ver existe tendência de hegemonia ou não. Vamos ver se as quatro equipas da Terceira se conseguem manter, espero que sim, vamos ver se as equipas de Ponta Delgada se conseguem manter, espero que sim, mas é cedo para se falar de uma hegemonia na Série-Açores.

RD: Segundo conseguimos apurar Paulo Goulart teve quatro convites para trabalhar nesta época, mas acabou por aceitar continuar por mais uma época na Fonte Bastardo. Porque essa opção pela continuidade, quando poderia ir treinar uma equipa na Série-Açores?

PG: Sempre fui muito bem tratado na Fonte Bastardo, sempre fui muito respeitado enquanto homem e enquanto treinador. Quando terminei a minha licenciatura e cheguei à ilha a Fonte Bastardo foi a única equipa que se interessou pelo meu trabalho e esse facto é um ponto que eu não esqueço. Além disso só sairia da Fonte Bastardo se algumas das propostas fosse melhor que a da Fonte Bastardo. Todas elas foram muito próximas daquilo que me oferece a Fonte Bastardo, algumas delas inferiores às condições que me oferece a Fonte Bastardo. Ao nível de logística de treino, condições de treino, pavilhão, material para a realização do treino. Portanto a Série-Açores por si s+ó na minha opinião não é uma mais valia para um treinador, na minha opinião. Eu já tenho a experiência de ter passado pela terceira divisão e sei do meu valor. Continuo a trabalhar todos os dias para atingir patamares superiores, mas acho que neste momento nenhum dos convites que recebi ultrapassava o que e proporciona a Fonte Bastardo.

RD: Paulo você à duas épocas teve um registo disciplinar irrepreensível. Mas na época passada foi expulso por cinco vezes. O que se passou?

PG: É um dado importante e repare fui expulso cinco vezes em jogos que a minha equipa ganhou sempre. E não ganhou por 2-1 ou 3-1, fui expulso cinco vezes em jogos que a minha equipa goleou. Fui castigado por dois meses num jogo em que a manha equipa ganhou por 9-1, portanto qualquer coisa se passou nesse jogo. O treinador que numa época teve uma folha disciplinar limpa e na época seguinte tem uma folha disciplinar com cinco expulsões, por algum motivo se deve. este mesmo treinador não teve uma depressão, não é maníaco ou depressivo, não é bipolar. Portanto de uma época para a outra não se passou da cabeça. À circunstâncias graves que se passaram este ano no campeonato, quer ao nível da arbitragem quer ao nível dos serviços administrativos da AFAH. Repare que a Fonte Bastardo jogou duas vezes no seu pavilhão o que comparando com outras épocas é facilmente perceptível que houve intenção clara de prejudicar a Fonte Bastardo.

RD: Acha que pagou caro o facto de o seu pai ser o representante pelo sector da arbitragem no Futsal?

PG: Sem dúvida. Não sei se fui um instrumento de arremesso para atingir o meu pai, muitas vezes ao longo da época senti isso. Era um instrumento de arremesso para que fosse atingido o meu pai.

RD: Podemos dizer que o Paulo Goulart foi um exemplo que os árbitros utilizavam para demonstra que era um treinador como qualquer outro?

PG: Certo, certo. Mas fui demasiadamente penalizado em situações que não o deveria ter sido. E o nível de exigência que houve para comigo, não houve com outros treinadores, com outros jogadores ou com outros dirigentes.

RD: Na semana de todas as decisões do campeonato da época passada o seu guarda-redes foi abordado para abandonar a Fonte Bastardo esta época. Como encarou o timing deste convite?

PG: O nosso guarda-redes foi abordado pela Casada Ribeira, na semana em que nós defrontávamos a Casa da Ribeira, isto a duas jornadas do final do campeonato. Era uma semana tanto decisiva para nós como para a Casa da Ribeira. O apuramento para a Série-Açores estava garantido para a Casa da Ribeira, mas eles para serem campeões tinham que ganhar na Fonte Bastardo. Nós para garantirmos o acesso à Série-Açores tínhamos que ganhar à Casa da Ribeira. Ele foi contactado nesta semana, ainda jogou com a Casada Ribeira, mas no último jogo já não se mostrou disponível para acompanhar a equipa. Portanto percebemos logo ai o rumo que a vida desportiva do Toni ia tomar.

RD: Mas mesmo assim não hesitou e lançou Toni no cinco inicial. Isto é uma prova inequívoca da confiança que tinha no mesmo?

PG: Não só nele como em todo o plantel. Eu sou muito exigente com o meu trabalho e precisamente por isso, por exigir de mim próprio é que exijo dos meus jogadores. Além disso confio em todos aqueles que ao longo de uma época de trabalho investem horas comigo e acho que a melhor resposta que poderíamos dar à equipa que nos tentou descredibilizara, que nos tentou desmotivar, foi apostar de forma clara no Toni e fazer ver que esta situação não abalava nem o Toni enquanto jogador, nem a Fonte Bastardo enquanto equipa.

RD: Mas mesmo assim o Toni acabou por abandonar a Fonte Bastardo...

PG: É uma perca importante, nestes três anos o Toni foi sempre o guarda-redes titular da Fonte Bastardo, além disso o Toni que começou na Fonte Bastardo à três anos não é o Toni que sai da Fonte Bastardo muito mais valorizado enquanto homem e enquanto guarda-redes e é sem dúvida um dos melhores guarda-redes do campeonato. Apesar de termos realizado um campeonato aquém das expectativas o Toni acaba por ser a grande referência da Fonte Bastardo.

RD: Quais são as novidades no seu plantel para a noca época?

PG: São enormes. A saída do Toni é fundamental, a saída do Juka para o Posto Santo, um jogador fundamental, um jogador do cinco base, com muitos minutos, a saída do Ricardinho por motivos profissionais, vai ter que abandonar a ilha, era um jogador praticamente totalista dos três campeonatos que realizamos com ele. Portanto do cinco base são três jogadores que saem. Infelizmente com o advento da Série-Açores, com a chegada da Série-Açores é cada vez mais difícil cativar bons jogadores, cativar jogadores apara jogarem no distrital. E essa foi a nossa grande dificuldade este ano. Foi muito complicado contratar jogadores para substituir as baixas que temos no nosso plantel. Este ano temos assumidamente um plantel mais fraco em qualidade e em quantidade.

RD: Em relação à época passada dado que saíram os quatro primeiros classificados e em seguida surgiram a Fonte Bastardo, o Barbarense e o GD São Carlos com 21 pontos de vantagem para as restantes equipas, podemos deduzir que estes são os três mais fortes candidatos ao título?

PG: Eu julgo que o GDR e o Barbarense sim, até pelo discurso dos seus treinadores que se assumiram como candidatos ao título, que conseguiram manter quase na totalidade os seus planteis e até reforçaram-se com qualidade, são dois fortes candidatos ao título. A Fonte Bastardo vai tentar ter uma palavra a dizer na luta pelo primeiro lugar, tentar ser uma equipa competitiva, mas temos consciência de que estamos muito mais fracos, individualmente estamos muito mais fracos e como equipa vamos ter que valer como um grupo. Portanto isto obviamente que vai ter implicações ao nível do treino, implicações na definição do modelo de jogo, não podemos ser uma equipa de pressão alta e de posse de bola com a instabilidade que vivemos no plantel. Obviamente que estas alterações no plantel vão ter implicações na nossa forma de jogar. Por isso não considero que a fonte Bastardo seja um assumido candidato ao título. Vamos tentar ser competitivos, andar nos primeiros lugares, mas nada mais que isso.

RD: E das equipas que se mantém, juntamente com os novos conjuntros que chegam esta época ao campeonato de ilha, consegue vislumbrar alguma equipa que se possa intrometer na luta pelos lugares cimeiros?

PG: Julgo que a equipa do Porto Judeu poderá ter uma palavra a dizer em relação aos primeiros lugares. Apesar de ser uma equipa nova no Futsal e de ter poucos praticantes de base no Futsal, é uma equipa com jogadores dotados tecnicamente, com jogadores experientes, com largos anos de carreira no Futebol e isso pode ser fundamental para os momentos decisivos do jogo. Acho que o Porto Judeu pode ser uma equipa a intrometer-se nestas contas.

RD: Esta época que terminou foi a primeira época completa de Nuno Maciel e sua direcção aos comandos da Associação de Futebol de Angra do Heroísmo. Que balanço faz do trabalho desenvolvido até agora?

PG: Uma rotura tem sempre custos e os resultados de uma rotura não são fáceis de ser observados de uma época para a outra. Houve trabalho de base que foi feito, houve situações que se tentaram alterar, comportamentos instituídos que não eram os mais correctos. Mas de qualquer forma à que aguardar pelos próximos anos para ver os resultados. Em relação à direcção da AFAH como um todo a minha grande crítica vai para o Concelho de Arbitragem que não foi capaz de apresentar um leque de árbitros com competência e conhecimento técnico ao nível que apresentam as equipas e treinadores.

RD: O que pode a direcção da AFAH fazer para melhorar a prática do Futsal em épocas futuras?

PG: Sobre tudo ao nível dos serviços administrativos, da marcação dos jogos, da calendarização dos jogos, do planeamento semanal. Volto a dar o exemplo que deu à pouco, a Fonte Bastardo foi amplamente prejudicada por erros administrativos da AFAH. Nós jogamos no Pavilhão da Fonte Bastardo que é de gestão autárquica, a comunicação tem que ser feita entre a AFAH e a autarquia, e essa comunicação nunca existiu. Os nossos jogos pura e simplesmente não eram marcados para a o nosso pavilhão, com, a agravante de serem marcados para um pabvilhão que não nos oferece as condições que oferece o pavilhão da Fonte Bastardo. Quando não jogávamos na Fonte Bastardo jogávamos na FOC, que é um pavilhão que não as condições mínimas para a prática do Futsal. Não tem marcador electrónico, não tem dimensões, coloca em risco a integridade física dos atletas, além disso um indicador simples, um espectador que vain assistir a um jogo e queira ir à casa de banho, não tem uma casa de banho disponível no pavilhão.

RD: Como vê o trabalho que se tem vindo a desenvolver na formação da Fonte Bastardo e nos restantes clubes?

PG: A Fonte Bastardo tem conseguido nos últimos anos ser competitiva na formação. Destaque também o trabalho do Matraquilhos, uma equipa que destaca o potencial humano que existe na freguesia e que tenta trabalhar da melhor forma, não só ao nível do desporto, bem como na vertente social. Mérito para este projecto do Matraquilhos. Como outras equipas, o Posto Santo teve um excelente desempenho nos Juniores "B", conseguindo atingir as meias-finais do campeonato nacional. Julgo que ao nível da formação a nossa ilha está a subir e os resultados o demonstram. Ao nível das selecções a AFAH no Futebol tem obtido resultados francamente vergonhosos, último classificado, goleado por toda a gente, não apresenta jogo, não apresenta resultados. Ao contrário do Futsal que apresenta resultados, apresenta fio de jogo, modelo de jogo e isso deve-se ao trabalho feito pelos clubes acima de tudo. Acho que a formação está no bom, caminho.

RD: Os poucos pavilhões existentes na ilha Terceira continua a ser o maior entrave ao desenvolvimento da modalidade. Acha que a criação da Série-Açores pode forçar à construção de novos pavilhões?

PG: Não sei se vai forçar à construção de novos pavilhões. Era importante que sim. Mas mais importante que isso, era que o Futsal tivesse em igualdade de circunstâncias com outras modalidades, a distribuição de pavilhões não é a mais correcta. Os clubes de Futsal são sempre prejudicados, o Futsal é visto como uma modalidade de terceira, em detrimento de modalidades como o Basquetebol ou até mesmo o Andebol, que não tem um calendário competitivo como o Futsal, mas tem primazia nos horários dos treinos.

RD: Mas a falta de pavilhões é uma lacuna ainda mais grave na formação?

PG: Gravíssimo. Dou o exemplo da Fonte Bastardo, os Infantis e Iniciados treinam num terço de pavilhão. É impossível num terço de pavilhão formar estes jogadores de Futsal, porque os comportamentos são completamente deturpados, não se consegue transferir a realidade de jogo para a realidade de treino, porque o treino fica condicionado pela falta de espaço, pela falta de condições para a prática do Futsal.

RD: Existe algum assunto que queira ver falado e não tenha sido abordado?

PG: Só desejar que a primeira edição da Série-Açores seja um sucesso e boa sorte principalmente para os clubes da ilha Terceira. Queria também aproveitar esta oportunidade para dizer que a criação da Série-Açores não foi uma imposição dos clubes, não foram os clubes que exigiram a criação da Série-Açores. Este modelo foi criado em Assembleia Geral da Federação Portuguesa de Futebol, foi uma forma muito simples de a FPF resolver um problema grave que tinha. O IDP (Instituto do Desporto de Portugal) cortou os fundos para as equipas se deslocarem aos Açores nas competições nacionais e a FPF tinha que assumir este custo. O modelo que a FPF arranjou para resolver este problema foi criar a Série-Açores e a Série-Madeira, dar um rebuçado aos Açores e à Madeira, vocês competem como se fosse o campeonato de ilha, nos Açores e na Madeira e a vossa equipa depois sobe à segunda divisão. Foi dado um rebuçado aos Açores e à Madeira para resolver um problema que deveria ter sido a FPF a resolver, se calhar foi demasiadamente cedo a criação da Série-Açores, mas não foi uma imposição dos clubes. Isto porque ultimamente tem sido frequente os treinadores de Futebol virem criticar o Futsal. Isto só é indicador de uma coisa, é indicador de que estão a perder espaço para o Futsal e estão a querer comprar uma guerra que ninguém no Futsal quer comprar. O Futebol sente-se ameaçado pelo Futsal, mas ninguém no Futsal quer guerra nenhuma com o Futebol, muito pelo contrário, o Futebol sente-se de tal modo ameaçado que tem disparado de todos os modos contra o Futsal. Vi recentemente um treinador de Futebol apelidar os jogadores e treinadores de Futsal de malandros, que os jogadores malandros é que vinham para o Futsal. Gostava de dizer a este treinador que enquanto ele treina ás sete ou oito da tarde/noite, a grande parte das equipas de Futsal treina ás dez ou onze da noite, para no outro dia ir trabalhar cedo, não é um jogador malandro, é um jogador que adora a modalidade que pratica, que tem gosto pelo Futsal. E se calhar é isso que falta no Futebol, se calhar falta gosto pela modalidade, gosto pela prática desportiva para obterem os resultados que se tem visto no Futsal."

in RegiãoDesporto em 23/9/2011

1 comentário:

Luis 10 disse...

Muito boa entrevista no seu geral.
Apenas um reparo que as equipas em que foi expulso não foram todas goleadas, no jogo contra o GDR lembro-me bem que a Fonte ganhou por 4-2(para mim não é resultado de goleada), mas de realçar que o GDR ganhava por 2-0, com o jogo controlado, quando surge do nada uma pressão sistematica do banco da equipa da fonte, nomeadamente do seu treinador, que acabou por ter os seus frutos com a expulsão do nosso jogador Mario Mesquita numa falta prai a 2 metros a frente do meio campo que lhe levou a amostragem do vermelho direto, num lance do nada que levou a reviravolta no marcador. Isto para frisar que nem em todos os jogos a tendência foi de prejudicar a equipa da fonte, e no caso dos jogos contra o GDR a têndencia foi ao contrário. Mas continuo com a minha opinião que a Fonte era uma justa equipa que deveria ter ido para a Série- Açores, não só pela qualidade do seu plantel, mas muito pelo bom Futsal que praticavam e isso deve-se muito ao treinador que tem. Considero que eles irão lutar pelo título está época, e que a entrevista serviu para tirar uma certa pressão aos seus jogadores, mas conhecendo o seu treinador e os jogadores que ficaram, os mesmo irão fazer tudo por tudo para dignificar ao maximo a camisola da equipa da Fonte.
1,2,3 Força GDR